Friday, November 30, 2007

Somente um

Um dia estressante na rua, ansiedade para chegar em casa, pressa misturada com fome, sono e dor nos pés por ter ficado horas na fila do banco... dia comum, dia sem sal... Girar as chaves e pronto: bem-vindo ao aconchego do lar... Mas, numa questão de minutos se dá conta de que nada mudou. Tudo está no mesmo lugar que deixou antes de sair de manhã cedo. Não se escuta nenhum som, nenhum ruído, não se sente nenhum cheiro. Nenhum aroma de feijão fresquinho ou daquela macarronada esperta. Um vazio lhe invade. Liga a TV, começa a cozinhar, mas nada lhe completa. Falta alguém para lhe recepcionar, pra contar o seu dia, para jantar ao seu lado e brindar a sua promoção no trabalho. Podia ser namorado, amante, marido, pai, mãe, filho... queria simplesmente um amigo. Alguém. Se fosse estranho, desconhecido, faria milhares de perguntas... se fosse um velho conhecido escutaria pela milésima vez reclamações sem sentido... Pensando, esperando, sentindo, queria ao menos que estivesse me ouvindo!

Cecí

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Saturday, November 24, 2007

Deixa ser


De casaco no calor. De blusa sem alça no inverno. Pulando tentando buscar o céu. Sem tempo nem hora para fazer isso. Faz-se porque quer. Por que, afinal, o que são as estrelas? São feitas para alcançar? O que é adulto? O que é inconstitucional? Mais perguntas do que respostas. Mais curiosidade do que se deve. Liberdade de se sentir livre até. Até alcançar aquelas estrelas. Então, cai. Machuca o que queria descobrir. Corre atrás daquilo sem pensar. Porque simplesmente correr. Ficar molhado, debaixo de chuva. Em cima do chão. Lama suja, rolar, sujar-se. Lambuza com o doce da vida. Com a meiguice da inocência. O que é a tomada? O que é a cegonha? Por que o céu é azul? Dúvidas e exaltações dignas de quem acabou de chegar. Como a lâmpada acende? Quem ta do outro lado do telefone? Quero aquilo que passou na tv. Ilusão e imaginação. Poderíamos viver pra sempre assim: sob um falso olhar. Não falso no sentido de traíra. No sentido de doce veneno, de simpática calúnia. Cadê o papai Noel? Cadê a mãe daquela criança na rua? Olhos fechados mesmo abertos que sonham com o real. Por que abraçar é bom? Por que te chamo de pai? Por que existe jiló? Nem experimentamos e já dizemos que não gostamos. É assim com tudo. Desconfiança em dois sentidos. Medo de provar. Prevenção natural. Deixa só brincar, deixa fazer o que quer. Pegar chuva, correr na praia. Rolar na areia, comer sorvete com o nariz. Ser bombeiro, aeromoça. Jogador de futebol e médico. Querer vencer. Deixa ser criança quando crescer.
Dani